exposição

Dito e Feito: Aos Vivos, Porto Alegre | Nuno Ramos | 2021

15/06/2021 às 10h30 até 18/09/2021 às 22h

Dito e Feito: Aos Vivos, Porto Alegre | Nuno Ramos | 2021

Dito e Feito: Aos Vivos, Porto Alegre

A exposição Dito e Feito – Aos Vivos, Porto Alegre do artista Nuno Ramos, com curadoria de Tiago Mesquita, esteve em cartaz de junho a setembro de 2021, na Galeria do Instituto Ling. A exposição reuniu uma performance inédita homônima, pensada especialmente para o centro cultural de Porto Alegre, e outras 11 obras: o filme Iluminai os Terreiros, a instalação em áudio Carolina, que esteve no Instituto Tomie Ohtake em 2006, além de outros nove registros de performances apresentadas durante a carreira do artista, que é pintor, desenhista, escultor, escritor, cineasta, cenógrafo e compositor.

A performance inédita Dito e Feito – Aos Vivos, Porto Alegre aconteceu ao vivo nos dias 15, 16, 17 e 18 de junho e pode ser conferida na íntegra no canal do YouTube do Instituto Ling. A obra faz parte da série de performances Aos Vivos, que o artista iniciou em 2018, trabalhando com a palavra, o tempo presente e todas as suas contradições.

Performance Dito e Feito – Aos Vivos, Porto Alegre – Dia 1 – 15 de Junho

Performance Dito e Feito – Aos Vivos, Porto Alegre – Dia 2 – 16 de Junho

Performance Dito e Feito – Aos Vivos, Porto Alegre – Dia 3 – 17 de Junho

Performance Dito e Feito – Aos Vivos, Porto Alegre – Dia 4 – 18 de Junho

 

 

Nuno Ramos iniciou, em 2018, a série de performances Aos Vivos. O conjunto de trabalhos foi uma maneira que o artista encontrou para trabalhar com a palavra, o tempo presente e todas as suas contradições. Embora existam modificações de trabalho para trabalho, o procedimento é mais ou menos o mesmo: atrizes e atores escutam ao vivo, com um fone de ouvido, determinada programação da televisão. Consecutivamente, repetem o que escutaram, em outra situação cênica. Embora não seja preciso arremedar todas as falas e sons, o elenco deve pronunciar apenas o que escuta. Sem adicionar nada ou comentar de maneira explícita o que escutou. A ideia é replicar falas de um contexto em outro.

Como o texto é dobrado com pouca diferença de tempo em relação ao som original, o que acontece no palco é quase simultâneo ao que é transmitido pela TV. É como um presente que se repete com poucos segundos de defasagem. Esse presente é duplicado, como uma versão transplantada da outra transmissão, como um reflexo pálido. Talvez esteja para a televisão como as serigrafias sem cor, em alto contraste de Andy Warhol estão para as fotos. As falas fora da televisão tornam-se despidas dos bastidores que lhe conferiam inteligibilidade. A réplica mostra-se ligeiramente diferente do original, é um eco dissonante e isolado da transmissão televisiva.

A programação contínua, ou a transmissão ao vivo, como matéria de trabalho também é um marcador de tempo. Ela garante que as ações reproduzam algo que acontece em horário muito similar ao que estamos vendo a ação. Ela é a garantia de que estamos vendo algo que acontece naquele agora.

Agora, para a exposição no Instituto Ling, Nuno Ramos resolveu dar mais uma volta no assunto. Elaborou a performance Dito e feito – aos vivos, Porto Alegre, a se realizar entre os dias 15 e 18 de junho de 2021. Aqui, as atrizes e o ator em palco reproduzem não mais as falas mais protocolares e editadas da televisão, mas o que uma equipe nas ruas de Porto Alegre capturaria.

Antes, o artista tentava fazer o eco desencontrado da voz televisor, que ele já chamou, em seu livro Cujo (2008) de “o verdadeiro ventríloquo, cuspidor de imagens e de vozes”. Agora, vemos pelo YouTube uma repetição desencontrada dos acontecimentos que os repórteres da exposição encontraram. O que é dito no palco, não se acerta totalmente com o que é feito na rua. Há alguma interferência na transmissão. Vemos o que sobra dessa vida, um resíduo que não se apaga nem neste período particularmente trágico.

Tiago Mesquita

Curador


ficha técnica da exposição

  • Artista

    Nuno Ramos

  • Curador

    Tiago Mesquita

  • Expografia

    Edu Saorin

  • Textos

    Tiago Mesquita | Revisão/tradução: Ana Fiori

  • Identidade Visual

    Adriana Tazima

  • Produção Executiva

    Laura Cogo

  • Programa Educativo

    Camila Salvá

downloads


Sobre o Artista

Nuno Ramos
Gabriel Cabral

Nuno Ramos nasceu em 1960, em São Paulo, onde vive e trabalha. Formado em Filosofia pela Universidade de São Paulo, é pintor, desenhista, escultor, escritor, cineasta, cenógrafo e compositor. Começou a pintar em 1984, quando passou a fazer parte do grupo de artistas do ateliê Casa 7. Desde então, tem exposto regularmente no Brasil e no exterior. Participou da Bienal de Veneza de 1995, onde foi o artista representante do pavilhão brasileiro, e das Bienais Internacionais de São Paulo de 1985, 1989, 1994 e 2010. Em 2006, recebeu, pelo conjunto da obra, o Grant Award da Barnett and Annalee Newman Foundation.